quinta-feira, dezembro 31, 2009

New Year

Caros leitores,

Sei que não desejei as típicas boas festas, mas para que conste, não as dei a ninguém. Afinal, quantas vezes ouviram essa expressão nos últimos dias? Não de devem lembrar... Mas certamente se lembram de quem não a deu. ;)

De qualquer das formas, gostaria de vos desejar um óptimo ano novo, repleto de coisas boas, saúde, trabalho e sorrisos. Pelo menos é o que desejo para mim.

Boas entradas!

Shuri Kata

sábado, dezembro 19, 2009

26º Capitulo - Regresso de Akmer

O tempo conta-se pelo bater dos corações e pelo suspirar dos soldados. A ansiedade enervante em que nos encontramos vai-nos corrompendo o discernimento. A vista torna-se turva, ouvimos o que não existe… e chegamos a julgar que a ideia de nos entregarmos ao inimigo não é assim tão má. “Que raio estou eu a pensar?” Sou sacudido pelo grito de um dos soldados: “Movimentações a Norte!”. Corremos a muralha, tentando compreender o que estava a fazer aquele miserável amontoado de vidro negro. “TEHT!” Gritei. Teht apareceu como se sempre ali estivesse. “Ouvi o grito da torre… que se passa?”. “Diz-nos tu, oh arqueiro!” resmungou Tulfah. Teht inclinou-se na muralha, como que procurando eliminar interferências da luz dos archotes. “Meus senhores, parece-me que se aproxima alguém pela retaguarda do inimigo.”. “Em que números? Temos apoio?” Pergunta ansiosamente Abdul. “Não temos apoio… é Akmer!” exclama Teht. Creio que em ambos os lados destas muralhas, a confusão é total. “Que raio faz este batedor aqui a esta hora da noite? Uma gota de água no deserto… vai ser massacrado.” Mil ideias começam a fluir na minha cabeça. Sinto o amuleto a aquecer… o que quer que tenha de ser feito, tem de ser feito já! “Teht, consegues dar fogo de cobertura?”. “Vai ser difícil, mas posso tentar…” responde Teht olhando-me profundamente “… mas são muitos.”. Não necessitei de lhe dizer mais nada para setas certeiras começarem a voar das nossas muralhas. Um miúdo… provavelmente o melhor arqueiro que havia conhecido! Enquanto isso, Abdul convocara um grupo de arqueiros para o apoio a Teht. “Assim que os vossos arcos permitirem, quero ver vidro a brilhar à luz desta lua.” ordena Abdul. Tulfah descera para preparar a abertura da porta principal, porta de entrada para Akmer. Olho o horizonte. O tempo deixou de se medir… tudo parece acontecer devagar. Consigo ver cada expressão, sentir cada pensamento, ouvir cada berro dado pelos homens que me acompanham. Alá foi generoso ao permitir que os tenha conhecido. Olhando para o campo à minha frente, vejo Akmer galopando ferozmente o seu cavalo… aproveitando cada fresta nas linhas inimigas. A seu lado, pedaços de vidro estoiram contra cada seta de Teht. O arco longo de Teht confere-lhe um alcance invejável, comparado com os arcos curtos do resto dos arqueiros. “Mais uns metros e estará ao alcance… só mais uns metros!” penso em silêncio.

sexta-feira, dezembro 04, 2009

25º Capitulo - Preparativos

A noite vai alta. A Sul, a lua reflecte-se nas águas brandas do rio. Mais adiante, conseguimos ver o mar, o nosso único refúgio. Os nossos batedores voltaram com boas notícias; um grupo de pescadores trouxe embarcações e pelo menos uma parte dos residentes poderão deslizar pelas águas até uma aldeia próxima sem levantar muitas suspeitas. O caminho apresenta-se livre, mas de forma a evacuar eficientemente a cidade, os restantes deverão seguir a pé, junto à margem. Tulfah olha-me com ar de muitas dúvidas. “Acreditas mesmo que vai resultar?” pergunta-me. Também, que outras hipóteses teremos nós, tal língua de terra a preparar-se para ser esmagada por uma tormenta marítima. Nos fundos da muralha, uma pequena grade é retirada… a saída para os esgotos, para o rio e para a nossa liberdade. Um pequeno grupo de soldados vai reunindo as mulheres, crianças e idosos que não abandonaram a cidade nos dias antes ao cerco. Serão eles os transportados pelos barcos. Todos os homens capazes ficarão para trás para cobrir-lhes a retirada. Teht está nas muralhas, não vá algum soldado inimigo aproximar-se demasiado da nossa zona de fuga. Vou acordar Maria. Encontro-a sentada na cama, pensativa, com as adagas no colo. Olha-me como quem vai explodir em justificações, motivos, razões… mas não temos tempo para tal. Ele urge como a areia fina do deserto foge por entre os dedos da mais forte mão. Apesar da sua aparente revolta, concorda em partir nos barcos. Não a poderia deixar ficar num lugar condenado, com tantas coisas que ainda temos que preparar. Não tenho dúvidas que ela conseguirá defender-se no futuro, e por Alá, o futuro dela não é aqui. Despedimo-nos na praça principal, em frente à mesquita. Entre a silenciosa multidão, perco-a de vista. A vida deles está entregue… Parto com Tulfah e Abdul para as muralhas. Os milhares de soldados que havia visto na praça dias antes, afinal não chegam aos mil. Houve desertores, fugas, medo… quando a vida dos que nos estão perto está em risco, o coração faz-nos ver que não é pelo escudo ou pela lâmina da cimitarra que se terá paz. Assim, partiram. Na verdade, apenas nós sabemos disso. Para um qualquer soldado que se encontre no exterior da muralha, contam-nos aos milhares. Em todas as muralhas, foram acesas mais tochas para arqueiros… aqui e ali as lanças emergem acima das ameias… muito mais lanças do que o total de homens que temos, mas a ideia é mesmo essa. Entre a farsa e a ilusão, olhos atentos espreitam sobre as linhas inimigas, tentando compreender qualquer movimentação. Tudo parece correr bem e espero, por todos os meus antepassados, que assim continue. “Teatro do poeta… se nos safarmos desta, será uma boa história para contar aos meus netos.” murmura Abdul. Gracejamos o quanto nos é possível neste tenebroso momento…

quinta-feira, novembro 26, 2009

Walking on my shoes...


Apeteceu-me... Grande som e grande clip. Vale a pena mergulhar nele durante os seus 5 minutos.

Segue-se a letra:

I would tell you about the things
They put me through.
The pain I've been subjected to.
But the Lord himself would blush.
The countless feasts laid at my feet,
Forbidden fruits for me to eat.
But I think your pulse would start to rush.

Now I'm not looking for absolution,
Forgiveness for the things I do.
But before you come to any conclusions -
Try walking in my shoes,
Try walking in my shoes.

You'll stumble in my footsteps,
Keep the same appointments I kept.
If you try walking in my shoes.
If you try walking in my shoes.

Morality would frown upon,
Decency look down upon.
The scapegoat fate's made of me.

But I promise now, my judge and jurors,
My intentions couldn't have been purer.
My case is easy to see.

I'm not looking for a clearer conscience,
Peace of mind after what I've been through.
And before we talk of any repentance -
Try walking in my shoes.
Try walking in my shoes.

You'll stumble in my footsteps,
Keep the same appointments I kept.
If you try walking in my shoes.
If you try walking in my shoes.
Try walking in my shoes.

Now I'm not looking for absolution,
Forgiveness for the things I do.
But before you come to any conclusions -
Try walking in my shoes.
Try walking in my shoes.

You'll stumble in my footsteps,
Keep the same appointments I kept.
If you try walking in my shoes.
Try walking in my shoes.
If you try walking in my shoes.
Try walking in my shoes.

Enjoy.

Shuri Kata

quarta-feira, novembro 18, 2009

Dig me up...



Certamente uma das minhas musicas preferidas.

Um pedido de ajuda por parte daqueles que se perdem no seu próprio mundo...

We all have a weakness
But some of ours are easy to identify.
Look me in the eye and ask for forgiveness;
We'll make a pact to never speak that word again
Yes you are my friend.

We all have something that digs at us,
At least we dig each other
So when weakness turns my ego up
I know you'll count on the me from yesterday

If I turn into another
Dig me up from under what is covering
The better part of me
Sing this song
Remind me that we'll always have each other
When everything else is gone.

We all have a sickness
That cleverly attaches and multiplies
No matter how we try.

We all have someone that digs at us,
At least we dig each other
So when sickness turns my ego up
I know you'll act as a clever medicine.

If I turn into another
Dig me up from under what is covering
The better part of me.
Sing this song!
Remind me that we'll always have each other
When everything else is gone.

Oh each other....
When everything else is gone.

Oh, oh, oh, oh, oh, oh, oh, ohh
oh, oh, oh, oh, oh, oh, ohhhh

If I turn into another
Dig me up from under what is covering
The better part of me.
Sing this song!
Remind me that we'll always have each other
When everything else is gone.

Oh each other....
When everything else is gone.
Oh each other....
When everything else is gone.

Shuri Kata

domingo, novembro 15, 2009

Sound Of Silence



Porque por vezes o silêncio é a nossa maior arma,
Porque é nele que muitas vezes nos perdemos,
Porque o usamos como refúgio nas nossas dores,
Porque é uma companheiro de momentos menos bons...

Porque está sempre lá... tal como aquele grande amigo que sempre nos acompanha.

Cumprimentos,

Shuri Kata

terça-feira, outubro 06, 2009

Efémeros...

No fundo, não passamos de efémeras criaturas que na sua escala temporal se prolongam em média por 75 anos... ou não. Olhamos para aquelas coisinhas voadoras e pensamos: "Coitadas... viver 24 horas apenas para perpetuar a espécie." Sim, e nós fazemos muito mais... ou não! Muitos de nós anda cá a ver passar navios... sem ter objectivos definidos, sem deixar uma marca positiva no planeta. Apenas nascem, crescem, eventualmente se multiplicam e definham até à morte.

-Gervásio Lameirinhas... "Ah, quem é esse?" "Sei lá!"...

E todos aqueles anos que esse senhor cá andou, de pouco ou nada serviram para evitar a sua queda no esquecimento. Não quero ser mais um que não deixa o seu nome na história. Quero fazer algo de positivo para a Humanidade. Para que um dia, no meu leito de morte, possa dizer: "Tudo o que a vista alcança é fruto do meu esforço... da minha paixão... da minha vida!"

E quando o meu nome constar nos compêndios de história, aí sim, deixei de ser efémero!

Vamos mudar isto tudo para melhor! É altura de imortalizar a nossa passagem na Terra!

Shuri Kata

domingo, setembro 13, 2009

Pulsating Earth

Não me quero prolongar na escrita...

Quero apenas convocar-vos para pararem 5 minutos no vosso local (mais próximo) favorito. Sentem-se, deitem-se, ponham-se à vontade... e nesses 5 minutos sejam UM com a natureza. Disfrutem da paisagem, do som, do toque das coisas. Porque esses momentos são cada vez mais raros e sinceramente fazem-nos tanta falta.

Estamos a perder o contacto com o nosso Planeta.

Façam o favor de sentir o pulsar da Mãe Natureza!

quinta-feira, setembro 03, 2009

#030909

Passamos a vida numa cápsula de reflexão,
Em busca de respostas escondidas pelo tempo.
E quando se trata de felicidade, pois então,
Muitas das vezes bloqueamos por desalento.

Mudamos de vida, hábitos... direcção,
Sem olharmos para trás, um só momento.
Basta-nos um divino momento de inspiração,
E tudo se engrena em pensamento.

Que vida a nossa, terrena e banal,
Quantos dias passaram e só agora aprendi,
O que me basta para ser feliz afinal,
É estares a meu lado... é ter-te aqui!

domingo, agosto 02, 2009

...

Viveremos eternamente distantes,
Sôfregos, buscando a doce alegria,
Dos sonhos, tão belos diamantes,
Sobra-me na pele, uma estranha alergia.

De feitios deveras diferentes,
Ultrapassámos obstáculos com bravura,
Porque olhais agora em volta... para as gentes,
Se é em mim que deveis focar vossa ternura?

Seremos breves mas imortais,
Se quiserdes vós tal distinção.
Caguemos de alto para os demais,
No nosso pequeno mundo de ilusão.

Tendes uma alma doce mas caprichosa,
Virais o mundo em busca do que vos pertence.
Sois carrancuda e simplesmente teimosa,
Quando a vossa vontade nada vence.

segunda-feira, julho 06, 2009

Quem...

Sinto-me escuro e por vezes arrepiante,
Vejo nos vossos olhos a efémera euforia!
Aquela gota de suor que vos escorre pelo rosto,
Não mais irá correr ao fim do dia.

Para muitos sou um eterno vigilante,
Amigos tenho apenas por breves momentos,
Prefiro o trabalho quando o sol está posto,
E assim sempre será até ao fim dos tempos.

Levo as vossas almas para o descanso,
Não tenho qualquer bandeira ou nação,
Dos vales às montanhas eu alcanço,
Basta simplesmente tocar-vos com a mão.

Quem sou eu afinal?

sábado, junho 20, 2009

Short Story - Paixão na Biblioteca

Era uma acalorada tarde de Verão. No ar, a única brisa, que se fazia sentir, era mais quente que o ar que expirava. Sentia os quarenta graus Celsius nos ombros como um escravo absorve cada chicoteada do seu amo. Aquando de mais uma investida por sombra, que no fundo me levava a percorrer todas as tascas e tasquinhas da cidade numa cambaleante indisposição, dei por mim às portas da biblioteca cá do sitio. Decidi entrar e deliciar-me com a modernidade e frescura proveniente das caixas brancas existentes por cima de algumas janelas. Creio que lhes chamam "Ar Condicionado", e diga-se de passagem que é uma coisa bem esgalhada. Encostei-me a uma janela e mirei o horizonte como que perscrutando por aquele inimigo que não se deixa ver... esperei. Limpei as gotas de suor que me desciam eminentemente pelo rosto enquanto a caixa branca vomitava frescura sobre a minha cabeça. Lá fora, silhuetas ténues dançavam à luz, criando a ilusão de coisas que realmente não estavam lá... ou estariam? Olhei o relógio e ponderei a permanência neste oásis de calma e frescura por mais uns momentos e porque não, aproveitar para por a leitura em dia. Afinal, não me lembrava da última vez que havia posto a vista sobre um livro. Já nem me lembrava do que continham... letras e imagens presumo, que para mim recordavam hieróglifos de tão distantes que agora estavam. Decidi mergulhar numa leitura reconciliante. Percorri vagarosamente os corredores da biblioteca em busca de algo que me saltasse à vista... não que os livros saltem, mas creio que compreendem o que quero dizer. Biologia, História, Geociências... cada secção, apesar de interessante, parecia menos acolhedora que a outra. Jornais? Nah... Diário da Republica? Nem pensar!

Percorria a parte das enciclopédias quando os nossos olhos se cruzaram pela primeira vez por entre o espaço entalado entre os livros e a estante de cima. Eu, taralhoco de calor em busca da iluminação lírica e ela, calma e serena a vasculhar os livros com a graciosidade de quem sabe onde encontrar tudo. Desviei o olhar por segundos... não a queria incomodar, mas a sua presença inquietava-me ao ponto de converter as minhas íris em magnetos que procuravam os elementos férricos do seu corpo. Ela era esguia mas de curvas acentuadas, tinha olhos negros como antracite sensualmente contrastantes com a palidez de uma pele que raramente partilhara o mesmo espaço com raios de sol. Deslizava elegantemente com as suas vestes de seda, percorrendo todos os livros com uma paz que parecia ser só dela. Olhou uma última vez para mim e desapareceu atrás do XII Volume da Enciclopédia Larousse. O meu relógio marcava as cinco horas da tarde e o sol rebelava com uma nuvem no distante céu. "Boa hora para ir para casa" pensei para comigo. Ao sair, vasculhei a biblioteca para ver se a encontrava... sabia que estava ali algures, mas simplesmente já não a conseguia ver.

No dia seguinte, decidi voltar à biblioteca. Não sentia a atracção pelos livros... era ela que me chamava para lá. Era manhã cedo e fui presenteado pelo aroma a jornais frescos assim que ultrapassei as portas giratórias. Procurei-a como um louco... secção a secção... no rés-do-chão e depois no primeiro andar. Cabisbaixo por não a ver em lado algum, decidi dar uma leitura pelas noticias do dia. Sempre achei muita fruta, de todas as pessoas que partilham o mesmo espaço com ela, apenas eu lhe ter chamado a atenção... Que burro ter perdido este tempo com sonhos totalmente irrealistas. Afinal, numa cidade com milhões de almas, qual a probabilidade de a tornar a ver? Mergulhei na crise económica e nos ensaios nucleares da Coreia do Norte e deixei o tempo passar. Aqui e ali, levantava a cabeça e batia os corredores na vã esperança de que o brilho dos seus olhos me guiasse como um farol. Ao meio-dia fui almoçar e entornei umas quantas garrafas de cerveja para o meu interior. Tornara a estar uma tarde desagradável com temperaturas extenuantes. Deambulei por umas quantas esplanadas e outros abrigos... analisando o conteúdo alcoólico de muitas outras garrafas de cerveja, enquanto procurava uma explicação plausível para uma tamanha pancada... uma paixão na biblioteca. Já tinha tido pancadas, é verdade... daquelas que nos roubam o pensamento e deixam-nos a ver um frame do mesmo filme durante horas e horas, tal moldura digital com erro de programação. O cedo virou tarde e o tarde virou noite... ligeiramente alcoolizado, decidi voltar para casa. Sentia amargura na boca, mas creio que foi dos pimentos que acompanharam a sardinha.

Manhã cedo, um novo dia e uma dor de cabeça de proporções homéricas percorria todos os lóbulos do meu cérebro. Aliás, creio que cérebro é uma descrição um tanto ou quanto megalómana para o aglomerado de células mirradas que se encontrava dentro da minha caixa encefálica nessa manhã. Vesti-me, tomei um forte café com a torrada da manhã e bebi meia garrafa de litro e meio de água só para revitalizar um pouco. Sentia-me grogue... do álcool e de curiosidade. Queria ver aquela criatura mais uma vez... só mais uma. Sentia-me um agarrado a uma qualquer droga. Tinha a necessidade de estar ao pé dela, mesmo que fosse apenas para me perder por uma fracção de segundo nos seus olhos. Odiava-me por ser mais forte do que eu, mas poderia dizer que de uma certa forma, nomeadamente em visitas a bibliotecas, ela já havia mudado a minha vida. Creio que me senti como Yuri Gagarine quando chegou ao espaço... grande e ao mesmo tempo pequeno. Corri para a biblioteca com determinação... o sangue dos Hunos corria-me pelas veias e apenas a visão dela, tamanha vitória, me poderia acalmar. Percorri os corredores tão tresloucadamente que eventualmente me perguntaram se poderia fazer menos barulho. De que me interessavam os exames de aferição... ou os exames nacionais. "Restrinjam-se à vossa vida insignificante, suas vis criaturas!" temo ter gritado a certa altura. Tremia... mas não era das caixas brancas estarem a debitar mais frescura do que o meu corpo poderia aguentar... não! Era nervos que me percorriam o corpo... sentia-me ressacado e desanimado por não a encontrar novamente. Respirei fundo. Aliás, não me lembro de ter inalado tanto ar em tão pouco tempo, durante toda a minha vida, e posteriormente a consequente libertação do mesmo, que diga-se de passagem que foi equitativamente grande.

Fechei os olhos e esperei por um sinal... um farol no pensamento que me guiasse até ela. Senti o ar... senti toda aquela amalgama de livros tornarem-se nada e vi-a finalmente. Lá estava ela, esplendorosa como no dia em que primeiramente a vi. Abri os olhos e dirigi-me para a secção de desporto. Com uma paz só dela, percorria os livros até achar um que lhe chamasse a atenção e perdia-se nele por uns momentos. Depois, emergia das suas páginas e voltava a bater os livros todos à procura de mais um ou outro artigo que lhe interessasse. Olhei-a durante horas... sorrateiramente, ora fingindo que estava a escolher um livro, ora lendo uma revista na diagonal. Por vezes desaparecia do meu campo de visão e via-me obrigado a mudar de mesa, escolher outro livro ou simplesmente passar por ela para a secção seguinte, tentando providenciar um eventual encontro.

Seguiram-se dias nisto... acabei por conhecer os seus hábitos. Todos os dias voltava e cada vez era mais fácil saber onde ela iria estar... qual o corredor... qual a secção... quais os livros que iria percorrer até parar, embrenhar-se um pouco e seguir caminho. Descobri que a sua vida se resumia à biblioteca. No fundo, era uma autodidacta com requintados gostos. Preferia os livros antigos aos novos... maioritariamente pelo aroma doce que brota das suas páginas amarelecidas pelo tempo; chegava a, poderei dizer, devorar dois a três bons artigos por dia, grande parte na área das ciências exactas, com as quais tinha grande empatia. Achava as revistas um tanto ou quanto sem sabor, rejeitando as suas páginas impregnadas em tinta, mas não fugia a um bom jornal do século XIX. Os seus olhos olhavam os livros com o mesmo brilho com que um estudante universitário olha para um mega Big Tasty com Coca-Cola e milhões de batatas fritas no dia seguinte à noite de Quim Barreiros na Queima das Fitas. Sim, esse brilho de salvação pela gordura, sal e cafeína que apenas certas coisas nos conseguem dar. Eu olhava para ela da mesma maneira, não que a quisesse comer ou algo assim, mas com alegria no olhar. Na verdade, nunca me aproximei muito dela, não queria perturbar o seu destino. Mas, de certa forma, o seu olhar dava-me a entender que ela tolerava a minha presença... que eu era aquela pessoa na biblioteca que finge ler e finge vasculhar nos livros apenas para poder estar ao pé dela mais um bocadinho. Sentia-me feliz. O Verão passou... depois veio o Outono e eventualmente o Inverno... Mantivemos-nos cúmplices de olhares e de um ou outro livro rasgado na pressa de o recolocar na prateleira. Os dias correram tal como eu corria para a biblioteca todos os dias. E que bons foram esses dias.

Por fim chegou aquele fatídico dia... Estava um frio acutilante e tentava organizar os meus pensamentos enquanto me encaminhava para a biblioteca sem perder nenhuma parte dos meus membros pelo caminho. Ela tinha estado estranha nos dias anteriores... como se soubesse que o frio e o gelo estavam para chegar. Parecia mais distante, de qualquer das formas feliz, mas olhava-me com aquele ar de quem tem de ir embora e não tem tempo para dizer "até já", "até logo" ou até mesmo "adeus". Tremia... não das caixas brancas que nesta altura regurgitavam calor, nem do frio que me havia enregelado partes do corpo que eu nunca sonhara que pudessem ficar enregeladas... tremia com medo de não a tornar a ver, de ler nos seus olhos um distante "desculpa". Via pela última vez nessa manhã... à tarde voltei lá mas não a consegui encontrar. Fiquei desolado. Transformei as minhas manhã de Inverno numa procissão. Levantava-me, comia algo, agasalhava-me, enfrentava os dez graus negativos do caminho, vasculhava a biblioteca de uma ponta à outra e voltava resignado para casa. Creio que foi o Inverno mais triste de que me lembro... bem, talvez não tão triste como aquele ano em que no Natal pedi um computador e um carro telecomandado e acabei por receber três packs de três pares de meias das raquetes, duas camisolas interiores de aquecimento e uns boxers de seda com smiles amarelos no rabo... mas considero-o o mais triste de qualquer das formas.

Chegara o equinócio de Março... dia vinte para ser mais preciso. Acordara normalmente... ok, talvez um pouco batido da noite anterior, mas não deixei de acordar normalmente (não levei com um balde de água, nem com pessoal aos saltos na cama, logo considero normal). Abri a janela do quarto para deixar o etanol sair e o agradável aroma a tubos de escape e flores primaverís entrar. Olhei o Mundo com aquele ar esgazeado de quem deve horas de sono à cama, necessita de um café bem forte e uma dose redobrada de almoço. Tomei um banho para acordar, vesti-me e algures na TV passou uma daquelas notícias de "O Inverno acabou! Viva a Primavera!". Olhei para o relógio que pouco passava das dez horas da manhã, olhei a janela e deixei-me levar... Um estalo na parte de trás do cérebro fez-me acordar para a vida. Primavera!? Deitei a torrada para o prato apenas com duas dentadas no miolo... creio que derramei o café na bancada (o gato estava acelerado demais quando voltei para casa)... e sai a correr porta fora. Objectivo? Biblioteca! Corri tresloucadamente, como quem corre a fugir de um enxame de abelhas assassinas que vêm dizer um olá matinal. Choquei contra o rapaz dos jornais, tropecei num Dálmata e num Setter de umas quaisquer damas da cidade. Se me deslocasse mais rápido, estaria certamente qualificado para os jogos Olímpicos... pode-se dizer que fiz jus à palavra correr. Cheguei à porta da Biblioteca. As suas portas exteriores encontravam-se fechadas. O porquê percorreu-me o cérebro diversas vezes... era Primavera, e eu tinha de a ver novamente! Havia taipais em torno da biblioteca, formando uma intrincada muralha à sua volta. Na porta, uma pequena folha A4 transmitia a informação que me trespassou como uma faca. Lia-se: "A Biblioteca encontra-se encerrada para obras. Lamentamos eventuais inconvenientes!". "Como podem lamentar eventuais inconvenientes se nem sabem que inconvenientes são?" pensei para comigo. Sentia-me perdido... certamente não tão perdido como se estivesse num armazém de 10 andares repleto de roupa feminina, mas aquele perdido de quem foi deixado a flutuar no espaço por uma qualquer missão espacial. Não a poderia ver. Nunca a havia visto em qualquer outro lugar que não aquela biblioteca e as batidas na porta da mesma apenas traziam trolhas que me enxotavam como se fosse uma mosca. Afastei-me relutantemente enquanto olhava sobre o ombro para todo o edifício, com a tinta descascada e janelas escancaradas a deixar fugir o pó levantado pelas máquinas. À sua frente, um pequeno jardim aguardava os meus lamentos. Refugiei-me num banco e contemplei ao céu com desagrado. Sabia que era a altura de a ver... mas não me deixavam. Estávamos presos em lados opostos da mesma porta.

A alguns metros, uma pequena borboleta pairava... batia as suas lustrosas asas de mil cores, as mesmas mil cores que preenchem os intervalos entre as sete cores do arco-íris, mas que por teimosia ou timidez não se querem mostrar. Senti algum conforto e sorri. A borboleta aproximou-se e só então me apercebi que toda aquela magia que estava à minha frente era a mesma que me prendeu durante tantos meses naquela biblioteca... a mesma que me fez sofrer durante o Inverno e a mesma que me fez cá voltar. "Tudo se transforma..." pensei. Tal como um prado seco e sem vida dá origem a novas ervas, e essas ervas a insectos, pássaros e afins... também aquela pequena lagarta dos livros que tanto contemplei se transformou para seguir o seu caminho. Era agora mais um dos espectros de cor e alegria que enchem as Primaveras. Por momentos, os nossos olhos se cruzaram... perderam-se na mesma cumplicidade que havíamos partilhado tantas e tantas vezes. Mas desta vez não transmitiram tristeza, antes uma alegria pelo reencontro e um obrigado pela companhia. Ela voou alto até se perder no céu. Fiquei a contempla-la até não mais a ver... voltei para casa. De certa forma, senti-me novamente feliz.

FIM

Shuri Kata

terça-feira, maio 26, 2009

Buhemian

Sais à rua como se não passasse de um costume,
Encharcas-te brutalmente e perdes-te na noite,
Bem que procuras mas nenhuma conversa vem a lume,
Engasgas-te, tombas... fazes merda e levas um açoite.

Ainda tentas encontrar alegria na bebida,
Eterno refugio de mui grande gente,
Menosprezas outras coisas boas da vida,
Gastas o ar jovem, desperto e inocente.

Continuas a acreditar que nada se altera,
Que o tempo corre rápido e nada muda,
Mas a vida boémia esconde uma face bera,
E com tanta bebida, já ninguém te atura.

Tentas ser o fixe, o baril, o bacano...
Exploras as tuas potencialidades até ao limite,
Acabas por mandar boas amizades pelo cano,
E as asneiras? Essas estoiram como dinamite!

E quando tudo te passa, e nada tens ao acordar,
Olhas para o mundo numa nova perspectiva,
Vês que afinal o tempo teima em passar,
E que aquela gente, afinal também já se priva.

sábado, maio 16, 2009

Há...

Há dias mais introspectivos que outros...
Há momentos em que as ideias brotam gentilmente...
Há olhos que cativam e nos transformam em loucos...
Há palavras que calam toda a gente.

Há luzes que atraem mais traças...
Há nuvens que pingam mais do que deviam...
Há coisas que não se resolvem por mais que faças...
Há mentes que não pensam... criam!

Há criaturas que se destacam pela elegância...
Há outras que pecam por serem espampanantes...
Há quem seja julgado pela sua arrogância...
Há vidas que se cruzam, como amantes.

Há sons que nos atraem mais...
Há músicas que tocam a nossa alma...
Há tons que se destacam dos demais...
Há gritos que exprimem a nossa calma.

Há segundos que mais parecem horas...
Há horas que quase não se sentem...
Há tempo para aguentar certas demoras...
Há mentiras que simplesmente não se vendem.

Há alegrias em rostos apagados e tristes...
Há tristezas apagadas em alegres vidas...
Há silêncio mesmo quando muito insistes...
Há sentimentos em todas as frases lidas.

Há vida mesmo onde nada cresce...
Há razão por detrás de um açoite...
Há aquele momento que connosco mexe...
Há sempre dia depois do breu da noite.

terça-feira, abril 28, 2009

Só para quem necessita...

Alguém Me Ouviu
Boss AC
Projecto UPA: Unidos Para Ajudar

(Boss Ac)
Não me resta nada, sinto não ter forças para lutar
É como morrer de sede no meio do mar e afogar
Sinto-me isolado com tanta gente à minha volta
Vocês não ouvem o grito da minha revolta
Choro a rir, isto é mais forte do que pensei
Por dentro sou um mendigo que aparenta ser um rei
Não sei do que fujo, a esperança pouca me resta
É triste ser tão novo e já achar que a vida não presta
As pernas tremem, o tempo passa, sinto cansaço
O vento sopra, ao espelho vejo o fracasso
O dia amanhece, algo me diz para ter cuidado
Vagueio sem destino nem sei se estou acordado
O sorriso escasseia, hoje a tristeza é rainha
Não sei se a alma existe mas sei que alguém feriu a minha
Às vezes penso se algum dia serei feliz
Enquanto oiço uma voz dentro de mim que diz…

(Mariza)
Chorei,
Mas não sei se alguém me ouviu
Então sei se quem me viu
Sabe a dor que em mim carrego e a angústia que se esconde
Vou ser forte e vou-me erguer
E ter coragem de querer
Não ceder, nem desistir eu prometo
Busquei
Nas palavras o conforto
Dancei no silêncio morto
E o escuro revelou que em mim a Luz se esconde
Vou ser forte e vou-me erguer
E ter coragem de querer
Não ceder, nem desistir eu prometo

(Boss Ac)
Não há dia que não pergunte a Deus porque nasci
Eu não pedi, alguém me diga o que faço aqui
Se dependesse de mim teria ficado onde estava
Onde não pensava, não existia e não chorava
Prisioneiro de mim próprio, o meu pior inimigo
Às vezes penso que passo tempo demais comigo
Olho para os lados, não vejo ninguém para me ajudar
Um ombro para me apoiar, um sorriso para me animar
Quem sou eu? Para onde vou? De onde vim?
Alguém me diga, porque, me sinto assim?
Sinto que a culpa é minha mas não sei bem porquê
Sinto lágrimas nos meus olhos mas ninguém as vê
Estou farto de mim, farto daquilo que sou, farto daquilo que penso
Mostrem-me a saída deste abismo imenso
Pergunto-me se algum dia serei feliz
Enquanto oiço uma voz dentro de mim que me diz…

(Mariza)
Chorei
Mas não sei se alguém me ouviu
E não sei se quem me viu
Sabe a dor que em mim carrego e a angústia que se esconde
Vou ser forte e vou-me erguer
E ter coragem de querer
Não ceder, nem desistir eu prometo...
Busquei,
Nas palavras o conforto
Dancei no silêncio morto
E o escuro revelou que em mim a Luz se esconde
Vou ser forte e vou-me erguer
E ter coragem de querer
Não ceder, nem desistir eu prometo...

(Boss AC)
Tento não me ir abaixo mas não sou de ferro
Quando penso que tudo vai passar
Parece que mais me enterro
Sinto uma nuvem cinzenta que me acompanha onde estiver
E penso para mim mesmo será que Deus me quer
Será a vida apenas uma corrida prá morte
Cada um com a sua sina, cada um com a sua sorte
Não peço muito, não peço mais do que tenho direito
Olho para trás e analiso tudo o que tenho feito
E mesmo quando errei foi a tentar fazer o bem
Não sei o que é o ódio, não desejo mal a ninguém
Vai surgir um raio de luz no meio da porcaria
Porque até um relógio parado está certo duas vezes por dia
Vou-me aguentando
A esperança é a última a morrer
Neste jogo incerto o resultado não posso prever
E quando penso em desistir por me sentir infeliz
Oiço uma voz dentro de mim que me diz
Mantêm-te firme!

Espero que a letra vos faça sentido.

Cumprimentos,

Shuri Kata

terça-feira, abril 14, 2009

Alguma divagação...

Mente abstracta e confusa,
Loucura no pensamento,
Sente a repulsa,
De quem te procura com sentimento.
Passas pelo mundo,
Olhas o horizonte com lamento,
Levanta-te desse buraco imundo,
E vem mostrar o teu talento.

Tens a porta aberta,
Dão-te a mão com objectivo,
Põe a cabeça desperta,
Que é bem mais que um adjectivo.
Esta é a hora certa,
Para te focares num compromisso,
Trabalho que te liberta,
"Porra, afinal é mesmo isso!"

Sê livre deste jugo,
Combate na vida com intenção,
Porque no fim do mundo,
Apenas os livres resistirão.
Não vivas ao segundo,
Olha o futuro com ambição,
E no final de tudo,
Serás mais uma grande criação.

quarta-feira, abril 08, 2009

Respeito

Como conseguem ser tão ursos? Eu faço, eu aconteço, eu eu eu... Calem-se seus idiotas! Vocês não fazem é nada... Acham que são conquistas quando na realidade não fizeram senão um raide. Foram, massacraram e bazaram. Foram justos? Não creio que ser uma besta seja ser justo, mas as opiniões divergem. E quem segue sem olhar para trás acaba por ser o pior... que vive sem remorsos ou sentimentos. Que vê o rasto de destruição e não procura as vitimas, mas se as vir ainda calca em cima para ter a certeza que vai doer. Não são humanos... são criaturas vis com sérios problemas. Curem-se! Procuram apenas a sua felicidade. É bonito? Acham? Então experimentem proporcionar a felicidade alheia, quer seja por uma moeda, por um naco de pão, uma simples palavra ou apenas um sorriso. Não custa nada e a vossa felicidade será bem maior. O egocentrismo está desactualizado. Já não vivemos em aldeias e a população mundial não se resume a meros milhares. Actualizem-se e sejam melhores. Ou permaneçam assim... estupidos.

Quanto mais conheço destas pessoas, mais gosto de animais. Aquele que não respeita o próximo não pode merecer respeito.

Sinceramente,

Rick

sábado, abril 04, 2009

Just breathe...

Até que ponto somos "solos"? Até que ponto conseguimos olhar em volta e dizer: "OK, Eu sou um ser independente e livre!"

És livre? Ou não serás mais um escravo desta vida? Comes... porque tem de ser. Bebes... porque tem de ser. Vives... porque te meteram cá. Segues regras, tens papeis que dizem valer dinheiro, tens responsabilidades enquanto cidadão, tiras a carta de condução apenas como formalidade, votas porque é um dever.

Mas é isso que queres fazer? É essa a liberdade estúpida que todos temos, repleta de deveres cívicos que não interessam ao menino Jesus? É como temos de viver... tais ovelhas no prado... quais formigas humanas que dizem Amén a quem diz que manda.

Eu... em certo modo sou livre. Respiro por escolha minha, inalo as fragrâncias da vida... E quando me sinto preso, penso: "Just Breathe... and I'll always be free!"

sábado, março 14, 2009

Eu, tu e uma tarde...

Tão ténue de sorriso,
Deveras branda no olhar,
Sedoso o seu cabelo liso...
Mais que perfeita no amar.

Corpo curto, silhueta esguia,
No peito, tamanho coração.
Da boca, tão terna melodia,
Nos lábios, a tentação.

Brisa mais que leve,
Um sol quase a escaldar,
Tempo demasiado breve,
Que não se sente passar.

Dois dedos de boa conversa,
Uma pitada de pura magia,
Chuva em proporção inversa...
E quanto baste de alegria.

domingo, março 01, 2009

Soldade...

Onde estão os deliciosos dias de sol,
Que falta faz a sua calorosa alegria.
Mirar no campo a perdiz e a prole,
Enquanto se banqueteiam durante todo o dia.

Agora, olho a noite pela janela,
Deveras escura, e mais fria ainda,
Aguardo que o sol saia da sua cela,
Para nos brindar com uma manhã linda.

O sono há muito que me tolda a mente,
Convida-me para mais uma noite gelada.
Espero que anteceda uma manhã bem quente,
E uma bela tarde, numa qualquer esplanada.

sábado, fevereiro 14, 2009

Melancolia

Por vezes somos assolados pela melancolia.
Surge do inesperado, sempre à espreita.
Depois somos atacados nos momentos mais solitários,
Quando nos encontramos meditativos, inspirados, sós.
E que miserável sensação é esta que nos corrói aos poucos,
Que nos crava as unhas e rasga o peito,
Desfazendo sonhos e criando tormentas.
Parece que há dias assim, menos bons,
Em que os pensamentos descarrilam sempre para o mesmo...
Em que o coração parece rebelar e parar,
Deixando-nos simplesmente mortos por dentro.

Ode à Primavera

O tempo vai-se clareando,
Está mais quente, mais cativante.
A névoa sobe, alertando,
Que nada será igual doravante.

Num momento eternamente solene,
Torna-se pasto, desperto e alegre.
Sem mostrar o seu rosto perene,
No que era nefasto, corre agora uma lebre.

Do vistoso frio, pouco ou nada resta,
Nem a errante brisa, nem a neve.
E como que por uma pequena fresta,
Brilha agora o sol, sobre a bruma leve.

terça-feira, fevereiro 10, 2009

Confusão

Uma palavra deveras inocente,
Com uma tamanha repercussão.
Na ordem outrora latente,
Gera-se agora a confusão.

Se por te amar, punido fosse,
Por cada simples respirar;
A quem ao mundo te fez e trouxe,
Eu teria de pedir para me ajudar.

Tanta luta e sofrimento,
Querendo fugir à total anarquia.
E na fúria desse eterno momento,
Esqueço-me que viver é uma mais valia.

domingo, fevereiro 01, 2009

Olhar para trás

É impressionante a fragilidade da nossa existência,
E entremeando essa mesma perenidade,
A quantidade de coisas que no fundo deixamos por fazer.
Os beijos que deixamos de dar a quem amamos,
Ou simplesmente as palavras que se reservam para depois;
Um grande abraço àquele amigo que precisa,
Ou um esforço mais para atingir o cume da vida.

O pior é que algum tempo mais tarde,
Quando meditamos e olhamos para trás,
Vemos que tanto foi esquecido... olvidado.
Sentimos que apesar da completude da nossa vida,
Bem mais cheia ela poderia estar.
De memórias, beijos, carinhos, amigos...
E não podemos deixar de nos culpar.

domingo, janeiro 25, 2009

...

Por vezes oscilamos na corda bamba,
Sentimos a adrenalina correr nos sonhos,
Vemos o mundo numa nova perspectiva,
E perdemo-nos em irreais pensamentos.

Talvez gostoso, talvez eléctrico,
Jamais sabereis... tamanha tormenta.
Que num momento apenas cresce,
E a sede de amor aumenta.

Se um dia puderes olhar,
Bem no fundo do coração,
Saberás que da ralé das naves,
Navegarei em perdição.

De um toque, a magia...
De um sorriso, a emancipação...
Num suspiro de alegria,
Saram-se as feridas do meu coração.

quarta-feira, janeiro 21, 2009

Awake...

Behold a new hope my friends...
Standing right there on the horizon.
My only question is:
How long for you to reach it?

How can you stay focus in a world of torment?
I've been there, I've done that...
I know the path it takes to redemption.
And are you still there listening?

Why don't you reach for a new beginning,
Free yourself from the evil that corrupts your mind.
Be one and only, be someone!
Remember that your life is too short to remain dead inside.

quarta-feira, janeiro 07, 2009

Para pensar...

Ficam aqui umas coisinhas que aprendi ultimamente.

"Vale mais um diamante com uma falha do que um berlinde perfeito."

"Uma mão cheia de tempo compra uma mão cheia de dinheiro, mas uma mão cheia de dinheiro não compra uma mão cheia de tempo."

Boas reflexões...

Shuri Kata

domingo, janeiro 04, 2009

Green Thoughts

Just feel the shaking soil...
Look towards the infinite sky,
And watch the clouds crumble.
It's time to fight, once more!
You can break free from the oil,
Its for our own future, no lie.
And the world will become humble,
Green and clear just as before.

Stop everything, stay still!
How can you live like this?
Can you still actually breathe,
Or are you just dying there?
Release Gaia from ruler's will,
Together we cannot miss!
So that one day as a creed,
We may let nature take care.

sábado, janeiro 03, 2009

Plantae

Leve, brota com a sua elegância,
Rompe a terra para vir ao mundo,
Frágil, nada tem ainda de fragrância,
Sente o raiar do sol ao segundo.

Estrutura marcada e elegante,
Com vigor se ergue, caprichosa.
Como que para tocar num amante,
Sempre cresce e busca, pesarosa.

E na bruma breve da manhã,
Por entre muitas outras reluz,
Mesmo quando a vista nada enxerga.
No seu tronco suave como a lã,
A seu fantástico reino faz jus,
E o mais belo toque de orvalho enverga.

quinta-feira, janeiro 01, 2009

New years sun...

Com um sentimento bastante próprio,
Talvez ainda agitado, pouco tranquilo,
Forte, vibra lá no alto com diligencia,
E com tão amada clareza se pronuncia.
Quando no rosto batem, seus raios são ópio,
Seu brilho evidencia um alaranjado estilo,
Fim da folia, o principio da consequência,
É um novo ano... e o seu primeiro dia.

Um óptimo ano novo.

Shuri Kata