domingo, fevereiro 21, 2010

Look down!

Novamente, a nossa esfera galáctica demonstrou, com toda a sua mestria, o quanto é dona de si própria. Com um golpe cruel, feriu brutalmente a mais prestigiada região autónoma portuguesa. Lamentavelmente, houve mortes, feridos, desalojados, em grande parte por a ganância do Homem se sobrepor à razão. Antes de olharmos para o céu em busca de ajuda, talvez fosse bom olhar para a terra e tentar compreende-la. Porque como qualquer senhora, tem os seus caprichos... e aprecia quando é estimada.

sábado, fevereiro 06, 2010

27º Capitulo - Fogo de cobertura

“AGORA!” grita Abdul com a sua gutural voz. Ouvem-se arcos a retesar uns atrás dos outros. Lá em baixo, um cavaleiro vai-se desviando agilmente por entre a chuva de flechas. O mesmo não poderei dizer dos que dele se acercam. O brilho do vidro negro à Lua é no mínimo desconcertante… é abafado… mórbido. “Oh sonhador, vê se dás o sinal!” exclama Tulfah enquanto aguarda pacientemente que Akmer esteja suficientemente perto para permitir passagem para a cidade. Lembro-me de grandes batalhas, combates ferozes entre os guerreiros do profeta e os infiéis. Tive o prazer de os presenciar e de os escrever para que possam ser relembrados… mas nunca estive na defensiva. Nunca tive de recuar e temer pela minha própria vida. No ar já não se ouvem o som característico das cordas a largar morte pelos campos… “Onde é que ele se meteu?” murmuram os arqueiros. De volta à realidade, dou com os arqueiros parados, à procura de algo nos terrenos abaixo. “Que se passa?” pergunto como se tivesse acabado de chegar. “Akmer foi cercado… depois desapareceu!” responde-me ansiosamente Teht. “Mas eles apanharam-no?” “Não, simplesmente… puf!”. Abdul dá uma palmada nas costas de Teht “Fica atento, Akmer não pode cair… todos são fundamentais agora!”. Tal como eu, Teht parece-me perdido, mas assente e volta para a muralha. Esperamos… e o mesmo faz o nosso inimigo. Não podemos disparar flechas com o risco de acertar no nosso companheiro. Consigo ver que há algo naquelas criaturas negras que ficou perturbado com a chegada de Akmer. Há algo que elas sabem e nós não, algo que elas temem ao ponto de se sacrificar para não o deixar passar. E parece-me que o meu amuleto também o sente… parece que está cada vez mais quente… parece que me quer dizer… “Tulfah, abre a porta rápido!” grito empoleirado na muralha. Tulfah olha-me com um certo desconforto. “Faz o que te digo! Abre a porta!”. Os soldados levantam as trancas e abre-se um espaço pouco maior que a largura de um cavalo. Como que por um sopro divino, os soldados que protegem a porta são atirados para o lado. “Podes fechar Tulfah!” volto a gritar. Ainda recompondo-se, os soldados apressam-se a fechar a porta. “E o Akmer?” pergunta Tulfah aparentando uma enorme confusão. “Não te preocupes Tulfah, já entrou quem tinha a entrar” digo, soltando um ligeiro sorriso. “Venham para as muralhas!”. Abdul, que se havia apercebido de toda a confusão gerada à porta, dá nova ordem a Teht aos arqueiros. Os soldados inimigos que ainda rondam o descampado à procura de Akmer começam a tombar sob as nossas flechas. No topo das colinas, a desordem inimiga é bem visível… e pouco duradoura! Parece que começou o assalto…