sábado, dezembro 19, 2009

26º Capitulo - Regresso de Akmer

O tempo conta-se pelo bater dos corações e pelo suspirar dos soldados. A ansiedade enervante em que nos encontramos vai-nos corrompendo o discernimento. A vista torna-se turva, ouvimos o que não existe… e chegamos a julgar que a ideia de nos entregarmos ao inimigo não é assim tão má. “Que raio estou eu a pensar?” Sou sacudido pelo grito de um dos soldados: “Movimentações a Norte!”. Corremos a muralha, tentando compreender o que estava a fazer aquele miserável amontoado de vidro negro. “TEHT!” Gritei. Teht apareceu como se sempre ali estivesse. “Ouvi o grito da torre… que se passa?”. “Diz-nos tu, oh arqueiro!” resmungou Tulfah. Teht inclinou-se na muralha, como que procurando eliminar interferências da luz dos archotes. “Meus senhores, parece-me que se aproxima alguém pela retaguarda do inimigo.”. “Em que números? Temos apoio?” Pergunta ansiosamente Abdul. “Não temos apoio… é Akmer!” exclama Teht. Creio que em ambos os lados destas muralhas, a confusão é total. “Que raio faz este batedor aqui a esta hora da noite? Uma gota de água no deserto… vai ser massacrado.” Mil ideias começam a fluir na minha cabeça. Sinto o amuleto a aquecer… o que quer que tenha de ser feito, tem de ser feito já! “Teht, consegues dar fogo de cobertura?”. “Vai ser difícil, mas posso tentar…” responde Teht olhando-me profundamente “… mas são muitos.”. Não necessitei de lhe dizer mais nada para setas certeiras começarem a voar das nossas muralhas. Um miúdo… provavelmente o melhor arqueiro que havia conhecido! Enquanto isso, Abdul convocara um grupo de arqueiros para o apoio a Teht. “Assim que os vossos arcos permitirem, quero ver vidro a brilhar à luz desta lua.” ordena Abdul. Tulfah descera para preparar a abertura da porta principal, porta de entrada para Akmer. Olho o horizonte. O tempo deixou de se medir… tudo parece acontecer devagar. Consigo ver cada expressão, sentir cada pensamento, ouvir cada berro dado pelos homens que me acompanham. Alá foi generoso ao permitir que os tenha conhecido. Olhando para o campo à minha frente, vejo Akmer galopando ferozmente o seu cavalo… aproveitando cada fresta nas linhas inimigas. A seu lado, pedaços de vidro estoiram contra cada seta de Teht. O arco longo de Teht confere-lhe um alcance invejável, comparado com os arcos curtos do resto dos arqueiros. “Mais uns metros e estará ao alcance… só mais uns metros!” penso em silêncio.

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