A cidade aparenta uma decadência imunda. A grandeza das suas muralhas contrasta com a sua falta de preservação. O lixo acumula-se nos cantos sem a mínima preocupação de o limpar. Águas fétidas correm ao lado das crianças que brincam na rua. Mais uma vez consigo compreender os intuitos de Yusuf na conquista da península. Os efeitos da guerra prolongada são novamente evidentes, tanto na cidade como na sua gente. As pessoas que passam por nós aparentam um cansaço extremo. É com estas cidades fragilizadas que contamos para uma mais rápida expansão. Porém, esse assunto neste momento é apenas secundário. Temos de encontrar o resto do grupo. Percorremos a rua principal da cidade. O mercado está apinhado de gente. Maria, com o seu incomparável sorriso, faz-me uma pergunta que em todo me parece desapropriada para o momento: “Qual a tua cor preferida?”. A palavra “Azul” foi seguida de um rápido “Já venho!”. Fico estático ao ver aquela pequena miúda desaparecer na multidão. Ocorre-me que talvez não a volte a ver, mas em parte sei que aquela alma está cheia de surpresas. Vasculho a feira em busca dela mas essa mesma busca revela-se infrutífera. Encolho os ombros e sigo caminho. Uma bancada de kebab chama-me a atenção. Tenho as moedas de Abdul que poderei sempre usar. Estou certo de que não se importará. De barriga cheia, guardo outro kebab para a Maria. Se tornar a aparecer, saber-lhe-á bem. Entre os feirantes, procuro informações, ou pelo menos algo concreto a que me possa agarrar nesta busca. Na maior parte dos casos, em pouco ou nada me podem ajudar. Sinto um puxão na túnica que me é de todo familiar seguido mais uma vez de uma simples frase: “Vem… rápido!”. O alarido que provem da multidão agoira algo. Corremos loucamente pelas ruas labirínticas, até que uma pequena ruela nos servir de abrigo. Com um sorriso comprometedor, Maria estica-me uma túnica e um turbante de um azul indescritível. “É a tua cara!” exclama vigorosamente. Para ela, uma bela túnica laranja transmitia um eterno pôr-do-sol. Os olhos de Maria demonstram alegria enquanto se delicia com o kebab. Falando de boca cheia, conta-me o que ouvira no mercado sobre um grupo de homens armados, capturados esta manhã. Parece que procuram um outro soldado. Está claro que se trata do meu grupo. Segundo Maria, encontram-me na prisão aguardando interrogatório. Comenta algo sobre a destruição de Cadiz que em tudo me desperta a atenção. Consideram o meu grupo como parte do exército que esmagou essa cidade. “Talvez espiões!” afirmavam eles. Fico confuso. Não creio que sejam piedosos com soldados inimigos, e como tal, devo agir o mais depressa possível. Algo está muito mal e eu tenho de descobrir o que é. Alá dar-me-á forças para esta missão.
sábado, agosto 26, 2006
12º Capítulo - Huelva
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4 comentários:
:) Eu Gostei mto deste capitulo , e a Maria é uma fixe :D lool
Quando eu voltar (daqui a 15 dias ) quero saber mais !
beijInHOS:)
Ah esqueçi me !
Lol
já tás nos favoritos :D *
De facto ele tem muitas perguntas sem resposta, e agora, eu também tenho.
Vê lá se jogas menos e escreves mais, para bem da minha curiosidade.
Bejufas.
huelva suja? puxa, o tempo passou mesmo... Coloquei teus dilemas como link em meu blog, ok? cuida bem da Maria...
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