sábado, fevereiro 11, 2006
5º Capítulo - Separação
O tempo passa, e com ele passa também a calmaria. Notícias do desmembramento do Grab Al-Andaluz chegam a Ceuta. Correm boatos de que o progressivo desentendimento entre almorávidas levou à formação de pequenos califados na península. Leio a frustração estampada no rosto de Yusuf. Ele reconhece que o fragmentar dos seus inimigos é prejudicial à causa de Alá. Fragilizados, os califados serão tomados pelos cristãos num abrir e fechar de olhos. Como se não bastasse, a sua mediocridade leva-os a guerrearem-se constantemente, não tomando atenção aos inimigos do norte. Yusuf sabe que tem de tomar uma decisão o mais depressa possível. É desejo de Alá que Šanta Māria al-Hāarun, conhecida por Faro, seja tomada por Yusuf e Salem, enquanto que Gibraltar ficará entregue a Amir e Al-Amiri. Yusuf permanece em meditação durante dias. Compreendo que a sua separação de dois dos seus melhores amigos seja um golpe bastante duro mesmo para um cão de guerra. Decidi partir com Yusuf e Salem dentro de dias, numa secreta missão diplomática a Faro. Começam os preparativos para as viagens: carregamentos de gado e cereais, marfim, ouro e diamantes, juntamente com algumas princesas berberes, serão oferendas certamente bem recebidas pelo califa almorávida. Por outro lado, Amir e Al-Amiri têm uma missão de cariz militar. Gibraltar é uma fortaleza importante nos planos de Yusuf. A uma pequena distância de Ceuta, Gibraltar é a ponte para uma ofensiva a larga escala por parte dos almoadas. Deverá ser tomada de noite, com o desembarque das tropas a oeste da mesma. Sabe-se que os constantes conflitos entre califas têm requisitado muitos homens para a frente de batalha e como tal, espera-se que Gibraltar possa ser assaltada desprevenida. As movimentações militares começam em peso, com grandes quantidades de madeira e armas a serem levadas para o porto. Amir é um bom comandante e Al-Amiri um estratega nato. Rumarão direitos a Gibraltar em navios mercantes, construídos de forma a não levantarem suspeitas. Yusuf nomeia como governador Yaqub, seu amigo de longa data. Yaqub bateu-se muitas vezes em batalha ao lado de Yusuf, apesar de não passar de um letrado. É um homem de bom coração que não olha a meios para punir injustiças. É ele que tem como função manter a logística dos exércitos que serão enviados para a península e posterior comércio com as futuras colónias. É decretado um dia de festa em homenagem àqueles que partem... e a noite avizinha-se calma e alegre. Olhando as estrelas, lembro-me dos tempos em que passava as noites entregue à poesia e à música, deliciando-me com belas mulheres e bom vinho. Amanhã partirei, e apenas Alá sabe o que nos espera.
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2 comentários:
Mais um cap xeio de emoçao..axim é k é marinho..continua..ond é k vais buskar tanta imaginaçao pahhh..bom continua..ka fiko a xpera..abraço..Dárcio (xkecime de axinar)
É a primeira vez que venho cá, mas devo dizer que gostei bastante. Tens mto jeito para a escrita. Curti o tema do Al-Andalus. É um dos meus períodos favoritos da História de Portugal e da Península. Continua!
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