domingo, março 05, 2006

6º Capítulo - Interminável mar

Partimos com o raiar do dia. Penetrando a matinal neblina, o alegre aroma da maresia toca-me a alma. Ainda agora a deixamos e já lhe sinto saudades. “Rumo à Europa” exclama aventurosamente Yusuf. Sinceramente, receio esta nova aventura. Enquanto vacilamos de um lado para o outro, contrariando o balançar do barco, podemos contemplar o enorme mar Atlântico. Gaivotas acompanham-nos planando sobre o mastro. Avizinha-se uma longa jornada e todos procuram com que se entreter. O barco apresenta um comprimento reduzido para combate, mas os esforços de Amir permitem agora uma viagem sem grandes percalços. Yusuf parece irrequieto. Passeia-se de um lado para o outro do barco, tamanha é a sua preocupação. Bem cedo, despediu-se de Amir e Al-Amiri, como se jamais os voltasse a ver. Alá decidiu separar o que um dia uniu. Yusuf teme um eventual reforço da praça-forte de Gibraltar, durante a travessia dos seus amigos, reforço esse que poderia comprometer toda a operação, pondo em risco as suas vidas. Com o mar suave como a seda, marinheiros alegram-se no convés, cantando histórias de gloriosas batalhas por eles travadas. As princesas berberes rodopiam freneticamente ao som da música... que magnifica visão. Entre a dança e a cantoria, todos querem saber dos grandes feitos de Yusuf. Por momentos, a calma reina no nosso pequeno navio. Yusuf pode ser um grande guerreiro, mas é também um hábil contador de histórias, e neste caso, provavelmente o melhor que se encontra a bordo. Juntamente com Salem, Yusuf narra as suas conquistas no Egipto, Tunísia, Argélia e Marrocos, tanto as pacificas como as mais sangrentas. No meio de mil aventuras e tentando mostrar-se desinteressado, o capitão guia-nos rumo a norte, para mais perto da costa do Grab Al-Andaluz. Ao longe, começo a distinguir enormes florestas, presenteadas em curtos intervalos por vivazes pomares de laranjeiras. Compreendo as intenções de Yusuf em querer controlar a península. Ao contrário do norte de Africa, estas terras são ricas e deveras bastante produtivas. Os rios são numerosos e pela sua foz, aparentam ser imensos. De sudoeste, os ventos marítimos trazem humidade, tornado esta terra fresca e temperada. Caminho para a proa, procurando vislumbrar algo mais no horizonte. Sem que me aperceba, Salem pára a meu lado. Num tom divagante, fala-me das muitas civilizações que habitam e disputam o Grab, das magníficas fortalezas e poderosos castelos, de vastas planícies e altas montanhas, florestas imensas e numerosos povoamentos, de animais e plantas jamais vistos. Enquanto a noite se aproxima, dou por mim a sonhar acordado, imaginando todas as coisas que amanhã espero ver estando certo porém, que Alá permitirá que as veja.

2 comentários:

Anónimo disse...

Bem inda bem k a tua net voltou..pois ja tava ansioso por o proximo capitulo...e pa variar mais um capitulo xeio de originalidade..k nos deixa com vontade de ler mais e mais..bom fiko a xpera do proximo..abraço..
Dárcio Sousa

Anónimo disse...

Finalmente decidi entrar na pequena caixa, nao fa�o ideia porque nao entrei mais cedo... li os 6 capitulos e devo dizer que estao estremamente bons , um autentico livro de aventuras. Continua ai, ja tens mais um leitor :) abra�