quinta-feira, fevereiro 10, 2011

Snakes and Ladders

Faz-se isto, faz-se aquilo... umas coisas boas, outras decididamente desacertadas. Conta-se, esconde-se... mas eventualmente tudo se descobre, e sofremos ao pensar que valia mais não esconder. Doí porque sim, mas também doí porque não e voltamos à velha questão de ser preso por ter e por não ter cão.

São as duas faces da mesma moeda, que atirada ao ar num dado momento, acabam sempre por conduzir ao mesmo destino. E independentemente de nada havermos feito pela moral da sociedade, cometemos um dos seus maiores pecados ao encobrir o vazio... o problema que nunca lá esteve... aquelas dezenas de milhar de sinapses que criaram o caos onde este nem sequer tinha espaço para existir.

Se cada passo dado em direcção à confiança e à aceitação pode demorar uma eternidade, cada parvalheira faz-nos perder anos de dedicação, esforço e envolvimento. Em certos aspectos, apesar de muito geral, a vida faz-me lembrar aquele jogo com o nome "Snakes and Laders"... em que cada escada que apanhamos nos faz avançar 4 a 5 casas no tabuleiro de jogo, ao contrário das cobras que nos atiram umas boas 15 casas para trás. O mais frustrante deste jogo, e de certos aspectos da vida, é que mesmo no final do jogo, exactamente uma casa antes de chegarmos ao nosso destino, glória, vitória, culminar de toda uma penosa caminhada, temos a maior cobra de todas... aquela que nos pode colocar novamente na casa de partida! Ultrapassar ou não essa casa depende de um lançamento de dados que não aceita excessos e em que geralmente as probabilidades estão monstruosamente contra nós.
 
Saber chegar a bom porto requer grande empenho... e primordialmente correcção. Saber atingir a casa 60 é não dar motivos ao dado da vida para rolar mais do que o necessário, para não cairmos de tanto balanço... nem rolar pouco, deixando-nos estáticos num mundo tão dinâmico, à mercê da cobra que bem conhece o caminho para a casa de valor 0. Saber ganhar é ter as ferramentas, é ter a matéria prima, e com uma rudimentar pedra, construir um majestoso palácio. Saber viver, é aceitar que o castelo é de simples pedra.

E nada mais.

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