Faz tanto tempo que não te olho com olhos de ver...
Perco-me na imensidão deste mundo, e nada anseio ter.
No vazio do espaço, és luz e prazenteira companhia,
Reluzente e esbelta de noite, sempre delicada e escondida de dia.
Faz tanto tempo que não te olho com olhos de querer...
Nos mil raios nocturnos chorar, rir, me perder.
Quantas noites da minha humilde vida dediquei a tua devoção,
Por conforto, simpatia, ou por simples e profunda meditação.
Faz tanto tempo que não te olho com olhos de loucura...
Em alegria, tristeza ou em busca de um momento de ternura.
Olhar para ti, nesta deliciosa noite, de certo modo me apoquenta,
Sinto-me o eterno lutador, a quem as força se esgotaram e já não tenta.
Faz tanto tempo que não te olho com olhos de amar...
Não te sentir entristece-me, não me apetece mais lutar.
Sempre estiveste lá por mim e no fundo nunca te dei razão,
A tua força esteve sempre comigo, entrincheirada num cantinho do meu coração.