Olhamos as ruas à procura de feirantes menos bem dispostos… As túnicas assentam esplendidamente, mas a forma da sua aquisição é no mínimo criticável. Decido procurar mais informações com o governador. Se ele não suspeitar de quem somos, não creio que haja qualquer problema em responder a algumas perguntas. Percorremos ruas e ruelas, carregadas de gente cansada. Um burburinho enche o ar, proveniente das atarracadas casas que percorrem as ruas. Temem que depois da queda de Cadiz, a próxima a cair seja Huelva. Milhares de fragmentos de frases entram nos meus ouvidos. Porém, a junção desses mesmos fragmentos relembram-me contos de outras eras. Eras de destruição e poderosas criaturas que assolavam a minha amada Arábia. Avistamos a mesquita. Certamente que o palácio não ficará muito longe. Da pequena rua que percorremos surge uma enorme praça. Outrora majestosa e repleta de poetas, segundo descreve uma senhora, alberga agora milhares de soldados numa prontidão impressionante. Porém a sua prontidão não é de quem vá partir para a guerra, mas sim de quem está à espera que a mesma chegue. Atravessamos a praça com um ligeiro nó no estômago mas qualquer medida mais evasiva poderá denunciar-nos. Leio o terror na cara de muitos jovens que sentados no chão, vão limpando as suas armas. Não crêem na vitória pelo que me consigo aperceber. Terá a destruição de Cadiz sido assim tão grande? Poderá uma cidade cheia de soldados sucumbir tão rapidamente? Não pode ser obra de Al-Amiri e de Amir! O que quer que venha lá é decerto nosso inimigo também. À entrada do palácio o governador não aparenta calma nenhuma. O seu movimento frenético de um lado para o outro aparenta, isso sim, insanidade. Peço-lhe um pouco do seu tempo, algo que nervosamente ele dispensa. Quando lhe pergunto o que acontecera em Cadiz, o seu rosto torna-se grave e ligeiramente branco. Descreve uma história das antigas eras, aquando do aprisionamento de um talismã poderosíssimo nas grandes rochas de Gibraltar. Aparentemente, Alá aprisionou esse talismã por conter criaturas que o Homem não consegue controlar. “É negro… e negros se tornam os que o carregam!” clama o governador. Afirma que alguém o libertou e que a destruição alastra a cada dia. Teme que Huelva seja o próximo alvo. Tento compreender a gravidade da situação, apesar das minhas experiências sobrenaturais se limitarem à reza diária. Decido ajudar. Maria apresenta-se bem mais apreensiva. Quando informo o governador das nossas intenções de participar na defesa da cidade, ele ri-se loucamente. Entrego-lhe os papiros que tenho escrito. Talvez assim ele aceite a nossa ajuda. Alá trará luz a esta cidade.
quarta-feira, setembro 06, 2006
13º Capítulo - Más noticias
Subscrever:
Mensagens (Atom)